Cardosão F.C - Letícia Seabra, Paula Santos e Rosane Meireles
Foto: Arquivo Pessoal
Ele está com uma camisa cinza e um boné branco. O boné
é um acessório que sempre está presente nele. Sentado sobre uma cadeira preta
acolchoada, em uma sala em que a cor predominante é o verde e branco, assim
como o time do América Futebol Clube, ele olha para o gramado onde os jogadores
do América treinam todos os dias. Antes de começarmos a conversa, Emerson
Caldeira Oliveira estava com uma das mãos no queixo e a outro em seu notebook.
Em seu pulso direito um relógio prata, outro acessório marcante do seu dia a
dia.
Filho único de um casal de caminhoneiro e uma dona de
casa, Emerson hoje é conhecido como um dos mais importantes repórteres do meio
esportivo de Minas Gerais. Emerson nasceu na cidade de Santos, em São Paulo,
mas aos cinco anos de idade se mudou com os pais para a cidade mineira de
Manhuaçu, onde passou boa parte da sua vida. Emerson Caldeira de Oliveira, hoje
é conhecido como Emerson Romano - o sobrenome italiano é em homenagem ao bisavô
que veio da Itália. Romano é um homem alto, de cabelo grisalho e que carrega em
seu rosto um sorriso bem sério, mas que sempre vive fazendo brincadeiras e
piadas. Com 43 anos de idade e há 14 anos como funcionário da rádio Itatiaia,
uma das rádios mais reconhecidas e escutadas do Brasil, Romano como é mais
conhecido pelos colegas de profissão, tem uma grande relação com o América.
Setorista do clube há quatro anos, Romano vive agora
uma das experiências mais importantes da cobertura do Coelho. Isto porque
depois de quatro anos a equipe americana volta a disputar a primeira divisão do
campeonato brasileiro. Outro fato que também fez o América ganhar mais
visibilidade nos meios de comunicação, é que neste ano o clube conquistou seu
décimo sexto título do campeonato mineiro. Algo que não acontecia desde 2001
quando foi campeão pela última vez. O adversário da final deste ano foi o mesmo
Clube Atlético Mineiro, com quem o América disputou a final em 2001 e também
foi campeão depois de duas partidas emocionantes.
Sonora 1: https://goo.gl/Zr2oDN
Cobrir a decisão do estadual sendo setorista do clube
alviverde da capital mineira traz a Emerson Romano um momento de reflexão, e do
seu ponto de vista ele descreve o que percebeu do América durante toda a
competição e principalmente na final do Campeonato Mineiro 2016. "Eu vi um
time da superação, eu vi um time que mostrou uma união muito grande e o
Givanildo conseguiu agregar todo mundo. Eu vi um América com vontade de ganhar
ao contrário de outros. Eu vi um América com uma gana muito grande, que eu não
via a muito tempo. O time se superou e por méritos foi campeão". Enquanto Romano
falava, dois homens sentados por perto observavam a conversa, um deles chegou a
sorrir em determinados momentos com certas falas do repórter.
Emerson Romano também destacou com detalhes, como é
sua rotina nos jogos que o América faz fora de Belo Horizonte. "Quando viajo
para cobrir jogos fora da cidade minha rotina muda muito, porque fico em função
dos programas que a rádio tem. Muita gente acha que você só trabalha ali,
quando o jogo está acontecendo, e não é não. Principalmente quando o jogo é
fora, o repórter setorista do clube vive em função da rotina do time desde que
acorda. E para acompanhar tudo, é preciso ter uma relação muito boa com a assessoria
do clube, para pegar alguma novidade e outras informações a mais".
Antes de se tornar repórter, Romano já trabalhou de
sapateiro, engraxate, mecânico de bicicleta e de caminhão, lanterneiro, chefe
de almoxarifado e lavrador, até iniciar o seu trabalho como repórter no início
dos anos 90.
Tornar se repórter esportivo foi decorrência de uma
trajetória que teve um início despretensioso. A rádio FM da cidade onde Emerson
morava fez um concurso para encontrar novos talentos. Uma grande amiga o chamou
para participar, e ele disse que não iria, pois estava sem dinheiro, foi apenas
de companhia para fazer a inscrição da amiga. Chegando ao local à amiga de
Emerson fez a inscrição dos dois, então ele teve de fazer o curso que fazia
parte do processo. Na primeira turma foram cento e nove candidatos e Romano
passou em primeiro lugar. Daí começou a fazer programa musical, depois pulou
para o jornalismo e na sequência para o jornalismo esportivo.
Emerson Romano tem a vida ligada ao esporte desde
criança, ele vem de uma família de desportistas que sempre esteve envolvida no
meio esportivo. O pai foi dono e técnico de time amador e os tios jogavam
futebol pelo time. Devido a influência que veio de casa, Romano se envolveu e
começou a acompanhar a área do esporte muito cedo, sempre se interessou muito
por outros esportes além do futebol. Com um sorriso no canto da boca ele relembra
as noites que passou acordado acompanhando as Olimpíadas. Foram várias
madrugadas adentro assistindo aos jogos olímpicos, juntamente com essas lembranças
vem a recordação da mãe que sempre no meio da noite lhe dizia: “Vai dormir
menino”.
Sonora: https://goo.gl/MFUpWq
Com sorriso aberto no rosto, Romano diz que vive em
função do clube, e que tem a rotina sempre mudada em função da sua profissão.
Com voz um pouco acelerada, fica emocionado ao contar do momento mais marcante
de sua vida, que foi quando pisou na Muralha da China na cobertura dos jogos
Olímpicos de Pequim, em 2008.
Teve sua primeira oportunidade em coberturas
internacionais no ano de 2003, nos jogos Pan Americanos, na República
Dominicana. Depois cobriu também as Olimpíadas de 2004 em Atenas, 2008 em
Pequim e de 2012 em Londres. Como fruto dos trabalhos bem realizados ganhou do
Comitê Olímpico Internacional diploma e medalha pelas coberturas dos jogos
olímpicos de Pequim e de Londres. Com muito estudo e dedicação as coisas foram
acontecendo em sua carreira naturalmente. Considera seu trabalho muito pesado,
tem dias que chega a trabalhar até 15 horas, mas abre de volta um sorriso no
rosto para dizer que quando se gosta faz com prazer.
Romano é do tipo que curte o bom e velho Rock n’ Roll.
Metálica, AC/DC, Dire Straits e U2, esta última é sua banda favorita e que
marcou a trajetória de sua adolescência. Formado em História, curioso e
bastante estudioso procura sempre ler livros sobre a história dos clubes, sobre
esportes e o maior de todos, considerado por ele a Bíblia. Gosta sempre de ficar pesquisando notícias na
internet. Adora filmes, e gosta de ficar quieto, pois como passa muito tempo
viajando ama a sensação de chegar em sua casa.
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