terça-feira, 28 de junho de 2016

Nascido para repórter esportivo

Cardosão F.C - Letícia Seabra, Paula Santos e Rosane Meireles

                               Foto: Arquivo Pessoal

Ele está com uma camisa cinza e um boné branco. O boné é um acessório que sempre está presente nele. Sentado sobre uma cadeira preta acolchoada, em uma sala em que a cor predominante é o verde e branco, assim como o time do América Futebol Clube, ele olha para o gramado onde os jogadores do América treinam todos os dias. Antes de começarmos a conversa, Emerson Caldeira Oliveira estava com uma das mãos no queixo e a outro em seu notebook. Em seu pulso direito um relógio prata, outro acessório marcante do seu dia a dia.

Filho único de um casal de caminhoneiro e uma dona de casa, Emerson hoje é conhecido como um dos mais importantes repórteres do meio esportivo de Minas Gerais. Emerson nasceu na cidade de Santos, em São Paulo, mas aos cinco anos de idade se mudou com os pais para a cidade mineira de Manhuaçu, onde passou boa parte da sua vida. Emerson Caldeira de Oliveira, hoje é conhecido como Emerson Romano - o sobrenome italiano é em homenagem ao bisavô que veio da Itália. Romano é um homem alto, de cabelo grisalho e que carrega em seu rosto um sorriso bem sério, mas que sempre vive fazendo brincadeiras e piadas. Com 43 anos de idade e há 14 anos como funcionário da rádio Itatiaia, uma das rádios mais reconhecidas e escutadas do Brasil, Romano como é mais conhecido pelos colegas de profissão, tem uma grande relação com o América.

Setorista do clube há quatro anos, Romano vive agora uma das experiências mais importantes da cobertura do Coelho. Isto porque depois de quatro anos a equipe americana volta a disputar a primeira divisão do campeonato brasileiro. Outro fato que também fez o América ganhar mais visibilidade nos meios de comunicação, é que neste ano o clube conquistou seu décimo sexto título do campeonato mineiro. Algo que não acontecia desde 2001 quando foi campeão pela última vez. O adversário da final deste ano foi o mesmo Clube Atlético Mineiro, com quem o América disputou a final em 2001 e também foi campeão depois de duas partidas emocionantes.

Sonora 1: https://goo.gl/Zr2oDN

Cobrir a decisão do estadual sendo setorista do clube alviverde da capital mineira traz a Emerson Romano um momento de reflexão, e do seu ponto de vista ele descreve o que percebeu do América durante toda a competição e principalmente na final do Campeonato Mineiro 2016. "Eu vi um time da superação, eu vi um time que mostrou uma união muito grande e o Givanildo conseguiu agregar todo mundo. Eu vi um América com vontade de ganhar ao contrário de outros. Eu vi um América com uma gana muito grande, que eu não via a muito tempo. O time se superou e por méritos foi campeão". Enquanto Romano falava, dois homens sentados por perto observavam a conversa, um deles chegou a sorrir em determinados momentos com certas falas do repórter.

Emerson Romano também destacou com detalhes, como é sua rotina nos jogos que o América faz fora de Belo Horizonte. "Quando viajo para cobrir jogos fora da cidade minha rotina muda muito, porque fico em função dos programas que a rádio tem. Muita gente acha que você só trabalha ali, quando o jogo está acontecendo, e não é não. Principalmente quando o jogo é fora, o repórter setorista do clube vive em função da rotina do time desde que acorda. E para acompanhar tudo, é preciso ter uma relação muito boa com a assessoria do clube, para pegar alguma novidade e outras informações a mais".
Antes de se tornar repórter, Romano já trabalhou de sapateiro, engraxate, mecânico de bicicleta e de caminhão, lanterneiro, chefe de almoxarifado e lavrador, até iniciar o seu trabalho como repórter no início dos anos 90.

Tornar se repórter esportivo foi decorrência de uma trajetória que teve um início despretensioso. A rádio FM da cidade onde Emerson morava fez um concurso para encontrar novos talentos. Uma grande amiga o chamou para participar, e ele disse que não iria, pois estava sem dinheiro, foi apenas de companhia para fazer a inscrição da amiga. Chegando ao local à amiga de Emerson fez a inscrição dos dois, então ele teve de fazer o curso que fazia parte do processo. Na primeira turma foram cento e nove candidatos e Romano passou em primeiro lugar. Daí começou a fazer programa musical, depois pulou para o jornalismo e na sequência para o jornalismo esportivo.

Emerson Romano tem a vida ligada ao esporte desde criança, ele vem de uma família de desportistas que sempre esteve envolvida no meio esportivo. O pai foi dono e técnico de time amador e os tios jogavam futebol pelo time. Devido a influência que veio de casa, Romano se envolveu e começou a acompanhar a área do esporte muito cedo, sempre se interessou muito por outros esportes além do futebol. Com um sorriso no canto da boca ele relembra as noites que passou acordado acompanhando as Olimpíadas. Foram várias madrugadas adentro assistindo aos jogos olímpicos, juntamente com essas lembranças vem a recordação da mãe que sempre no meio da noite lhe dizia: “Vai dormir menino”.

Sonora: https://goo.gl/MFUpWq

Com sorriso aberto no rosto, Romano diz que vive em função do clube, e que tem a rotina sempre mudada em função da sua profissão. Com voz um pouco acelerada, fica emocionado ao contar do momento mais marcante de sua vida, que foi quando pisou na Muralha da China na cobertura dos jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Teve sua primeira oportunidade em coberturas internacionais no ano de 2003, nos jogos Pan Americanos, na República Dominicana. Depois cobriu também as Olimpíadas de 2004 em Atenas, 2008 em Pequim e de 2012 em Londres. Como fruto dos trabalhos bem realizados ganhou do Comitê Olímpico Internacional diploma e medalha pelas coberturas dos jogos olímpicos de Pequim e de Londres. Com muito estudo e dedicação as coisas foram acontecendo em sua carreira naturalmente. Considera seu trabalho muito pesado, tem dias que chega a trabalhar até 15 horas, mas abre de volta um sorriso no rosto para dizer que quando se gosta faz com prazer.


Romano é do tipo que curte o bom e velho Rock n’ Roll. Metálica, AC/DC, Dire Straits e U2, esta última é sua banda favorita e que marcou a trajetória de sua adolescência. Formado em História, curioso e bastante estudioso procura sempre ler livros sobre a história dos clubes, sobre esportes e o maior de todos, considerado por ele a Bíblia.  Gosta sempre de ficar pesquisando notícias na internet. Adora filmes, e gosta de ficar quieto, pois como passa muito tempo viajando ama a sensação de chegar em sua casa.

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