domingo, 2 de dezembro de 2012

Fala Elismar Santos

AS VERDADES DO CLÁSSICO‏.

Hoje é dia de Clássico e algumas verdades serão inevitáveis. Talvez, a principal seja a de que ele começa uma semana antes e só termina uma semana depois. Também há o fato de não haver favoritos, embora, ambos os lados sempre afirmem que o seu time sairá vencedor. Estas serão as verdades primeiras, a pedra fundamental de cada clássico que renasce nas tardes quentes de domingo.
Inexoravelmente, o estádio deverá estar lotado, pena que com apenas uma das torcidas. A outra tratará de fazer a sua parte nos barezinhos, regados à cerveja e tira-gosto, ou em casa, de frente à TV, com as mesmas companhias. Na arena, o espetáculo começará antes, com a torcida, em uníssono movimento, entoando gritos de guerra e palavras de ordem; alguns jogadores serão exaltados, enquanto outros maldosamente execrados.
As duas equipes entrarão em campo sob aplausos e vaias, ao som dos foguetes e palavras de ordem, invariavelmente, com os jogadores carregando criancinhas no colo ou puxando-as pelo braço. A torcida gritará o nome de cada jogador, um por um, em alto e bom som, e o coração do atleta se encherá de alegria, as lágrimas encherão os olhos e adrenalina subirá a níveis exorbitantes.
O juiz, certamente, ordenará que se respeite um minuto de silêncio, sendo, imediatamente, desobedecido pela torcida que cantará todo o hino do clube, como que num gozo coletivo. Soará o apito e os nervos ficarão à flor da pele. Não haverá bola perdida; Cuca roerá os últimos resquícios de unha e ficará de pé ou de cócoras, nunca no banco, enquanto Celso Roth fará a sua última partida pelo Cruzeiro, sempre com a cara amarrada e os gritos de “Pega!”, como se os jogadores fossem verdadeiros Pit Buls.
A torcida alternará momentos de “Uuhhh!” e palavras de baixo calão, aplausos e vaias, rezas e xingamentos. Algum jogador se destacará pela vontade; outro pela técnica, enquanto um destoará do resto da equipe e outro falhará no gol adversário e será execrado pela torcida. Algum jogador virará herói, enquanto outro será o maior vilão de todos os tempos. Os jornalistas, em polvorosa, ao término da partida tentarão entrevistar ambos os atletas e, enquanto o primeiro colherá os louros da vitória, o outro descerá, cabisbaixo, pela escadaria até o vestiário, com os olhos marejando e o sentimento de que podia ter sido diferente.
Estas serão, indubitavelmente, as nuances de mais este clássico, numa tarde de domingo, com todas as possibilidades de suspense e emoção. E na segunda-feira, tudo voltará ao normal, como se a vida fossem apenas flashes que vem e vão ao bel sabor do vento, para que possamos compreender que somos apenas objetos de cada instante e o futuro é apenas um caminho que haveremos de percorrer. A bandeira voltará ao fundo da gaveta e a camisa será novamente guardada, como se fossem o mais belo troféu de um momento inesquecível.

Elismar Santos.

@elismarsantos

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