"Afinal, quem detém a maior parcela de culpa pela temporada ruim que o Cruzeiro vem fazendo?".
Mateus Liberato - Redação Cardosão FC
Infelizmente, para os cruzeirenses, o elenco técnico das temporadas 2013-2014 ficou apenas na lembrança de cada torcedor apaixonado. Estamos quase no início do segundo semestre de 2015 e o que assistimos em campo é um time que apresenta pouca intimidade com a bola no pé, sem um comando na direção do futebol, sem peças de reposição, com um esquema tático ultrapassado e com poucas expectativas para o restante da temporada. Agora a realidade é outra.![]() |
Tanto o presidente Gilvan, quanto o técnico Marcelo Oliveira possuem uma parcela de culpa. Foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press |
Na noite de ontem, o Cruzeiro fez mais uma atuação pífia e digna de deixar qualquer cruzeirense de cabeça quente. Porém, abrirei mão de falar da derrota para o Figueirense, para tentar explicar o que vem acontecendo com o clube nesta temporada e descobrir quem é o verdadeiro culpado deste início de ano vexatório.
Chega a ser um consenso entre os torcedores que a grande responsável pelo ano ruim é a diretoria cruzeirense. Além de abrir mão do competente diretor de futebol Alexandre Mattos, a espinha dorsal do elenco bicampeão brasileiro foi desfeita e reposições à altura não vieram. Muito pelo contrário: chegaram jogadores de qualidade técnica duvidosa. Com toda certeza, o planejamento foi equivocado - se é que teve. Para piorar, os membros da cúpula se contradizem a cada especulação ventilada. Porém, os erros não se limitam apenas na montagem do elenco. Como pode um clube da grandeza do Cruzeiro, campeão nacional por dois anos seguidos, chegar em pleno mês de junho sem anunciar um patrocinador master em sua camisa? Ninguém entende.
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Neste domingo o Cruzeiro teve mais uma apresentação abaixo da crítica. Foto: Cristiano Shimidt Andujar/Light Press |
Mesmo com os equívocos cometidos pela diretoria celeste, a comissão técnica também possui a sua parcela de culpa. Apesar de Marcelo Oliveira contar com um elenco tecnicamente bem inferior em relação aos últimos anos, o técnico não pode engessar um esquema tático e insistir com os erros cometidos. Com base nisto, cito como exemplo um técnico que possui alternativas táticas. Trata-se do comandante do Internacional, Diego Aguirre. É claro que o clube gaúcho possui um elenco bem mais encorpado, porém o uruguaio, que mostra ser bastante estrategista, não se limita a apenas um esquema tático. Fato que comprova esta tese, foram as classificações do Colorado em cima do Atlético-MG e do Santa Fé na Libertadores.
Não estou aqui para caçar a cabeça do atual comandante celeste. Mas já passou da hora do Marcelo abrir mão do tradicional 4-2-3-1, que diferente dos últimos anos não surti mais efeito. Atualmente a linha de três meias do time conta com atletas que possuem características semelhantes em campo. De Arrascaeta, Marquinhos e Willian são jogadores de velocidade, de drible e que partem com a bola dominada. Hoje, o escrete não conta com aquele armador de ofício. Falta um pensador que cadencie mais o jogo. Talvez este meio-campista possa ser Gabriel Xavier.
Apesar da ausência de um camisa 10, vejo que o Cruzeiro necessita mais de um típico camisa 8. Um segundo volante que realize a saída de bola com perfeição e desempenhe a mesma função de Lucas Silva nos dois últimos anos. Como diria o craque Tostão, ao Jornal O Tempo: "Os dois volantes (atuais do Cruzeiro) apenas desarmam e tocam a bola para o lado". Alex, em entrevista para a ESPN, também deu o seu pitaco: " O Cruzeiro bicampeão brasileiro com o Cruzeiro de hoje, não tem nada a ver. O time perdeu principalmente com a saída do Lucas Silva". E quem sou eu para discordar de dois dos maiores craques da história do Cruzeiro e do futebol brasileiro. Nem Willians e nem Henrique conseguem fazer esta transição de bola da defesa ao ataque, pois ambos são volantes de marcação. Com isso, o Cruzeiro perdeu um dos principais fundamentos após a saída de Lucas Silva: a qualidade no passe e o elo entre defesa, meio e ataque.
Sem este segundo volante no elenco, chegou a hora de Marcelo alterar o esquema tático. Talvez um 4-1-4-1, no verdadeiro estilo europeu, surtiria efeito. O escrete ficaria apenas com Henrique de volante fixo, De Arrascaeta e Gabriel Xavier centralizados - com o uruguaio jogando um pouco mais recuado, fazendo a saída de bola livre da marcação adversária - e com Alisson e Marquinhos caindo pelas pontas. Ou talvez um 3-5-2 com Willians mais recuado como um zagueiro, auxiliando o sistema defensivo, que vem falhando nos últimos jogos. Cabe a Marcelo Oliveira abrir mão do atual esquema e apresentar novas alternativas, sabendo trabalhar com o que possui a disposição no momento.
No mais, o torcedor espera que o time pelo menos possa sair desta situação amarga de figurar na zona de rebaixamento. A expectativa dos torcedores para o restante do ano não é boa, porém as esperanças ficam depositadas nesta janela de transferências que está prestes a abrir. Que a diretoria, juntamente com a comissão técnica possam assumir os erros, tentar corrigi-los e dar ao Cruzeiro um desfecho de temporada digno da grandeza do clube.
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